No último ano, a Pão de Gimonde já conseguiu reaproveitar cerca de 2 toneladas de desperdício e criar novos produtos, graças à Feira do Desperdício e à parceria com outros produtores do Clube de Produtores Continente. Fundada em 1960, a empresa de Trás-os-Montes conserva os sabores de antigamente, sempre com os olhos postos na inovação. Esta dedicação foi internacionalmente reconhecida e a CEO, Elisabete Ferreira, fez história ao ser a primeira mulher do mundo a receber o prémio World Baker of the Year.
Como é que a Feira do Desperdício tem impulsionado a valorização dos vossos excedentes transformando-os em novas oportunidades de negócio?
A Feira do Desperdício permite-nos estabelecer novas parcerias e desenvolver novos produtos
Além da parceria com a Salsicharia da Gardunha, tem outro exemplo de uma parceria feita com a Feira do Desperdício que tenha sido fundamental para dar uma segunda vida a um determinado produto?
Também é nosso fornecedor a A. Pires Lourenço e Filhos, lda, com o presunto em aparas (das pontas do presunto) para a produção do folar. É uma relação de mais de uma década.
Que outras iniciativa a vossa empresa tem implementado para reduzir o desperdício alimentar e promover a economia circular na produção?
Participamos em projetos de investigação no combate ao desperdício alimentar como a TranscolabPlus, projeto transfronteiriço do INTERGEG que reúne vários produtores da indústria agroalimentar, do sector dos cereais, em que o propósito é desenvolver novos produtos com base em subprodutos de cada uma das indústrias parceiras
Quais os principais desafios e oportunidades que a empresa identifica para a prática da economia circular no setor agrícola?
Penso que passam por uma maior união do setor para que possam surgir sinergias. Se não conhecemos o vizinho, como podemos colaborar? Penso que a criatividade é ilimitada. Falo no caso do pão: um pão pode ter como ingredientes soro de leite, requeijão, sementes de abóbora, puré de abóbora, cenouras, farinha de cenouras, talos de brócolos, farinha de maçã,… não há impossíveis. Falamos de sustentabilidade a diversos níveis, ou seja, tem de ser economicamente viável, tem de ser saboroso e ser saudável. Se o nosso parceiro e cliente, Continente, nos apoiar na compra de um produto inovador e sustentável, que chegue ao consumidor, será sem dúvida uma aposta ganha e o planeta agradece.
Como é que a Feira do Desperdício pode contribuir para superar os desafios?
Penso que deverá haver dinâmica de todos, fornecedores/clientes. Todos devem contribuir, reunir mais, participar e realizar sessões de brainstorming para que possam surgir novos produtos.
No último ano, quantas toneladas de produto conseguiram reaproveitar e tiveram nova vida?
Cerca de 2 toneladas
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Fundada em 1982, a Salsicharia da Gardunha une conhecimento familiar com o gosto pela tradição dos enchidos e presuntos da região. Participante ativa da Feira do Desperdício, a empresa aposta na economia circular para valorizar todos os seus produtos, incluindo desperdício de produção que pode ser transformado em ofertas inovadoras para os consumidores. Cecília Maria Carmo conta como, através da plataforma do Clube de Produtores Continente, partilha produtos e dificuldades do processo produtivo com outros membros do Clube, valorizando a produção.
Como é que a Feira do Desperdício tem impulsionado a valorização dos vossos excedentes transformando-os em novas oportunidades de negócio?
A Feira do Desperdício é uma montra dos produtos que possam estar fora dos parâmetros do produto especificado por alguns clientes, ou até mesmo de produtos que são excedentes do nosso processo. Através desta plataforma damos a conhecer não apenas estes produtos, mas também algumas das dificuldades que representa um processo produtivo. Através desta iniciativa conseguimos alcançar sinergias entre produtores que são conhecedores das dificuldades da produção, e que valorizam os desperdícios de produção de uma forma mais valorizada do que o mercado em geral.
Além da parceria com a Pão de Gimonde, que outro exemplo de parceria feita com a Feira do Desperdício foi fundamental para dar uma segunda vida a um determinado produto?
Para além da parceria com a Pão de Gimonde temos outras parcerias com produtores, não apenas de produto direcionado para consumidor comum, mas também para a área de Petfood por exemplo. Estas parcerias são sempre desenvolvidas com o propósito de valorização quer do nosso produto, quer do produto final em que são integrados. Ou seja, muitos dos nossos produtos considerados desperdício do processo são trabalhados e processados de forma específica para integrarem o produto final. Exemplo: um chouriço que esteja fora de especificação de peso do cliente, pode ser convertido em chouriço rodela ou chouriço cubo, consoante a especificação do cliente que integre este “desperdício” no seu processo. Ou seja, ao longo da cadeia o chamado “desperdício” é tratado com os critérios de qualidade e segurança alimentar como qualquer outro artigo.
Quais os principais desafios e oportunidades que a empresa identifica para a prática da economia circular no setor agrícola?
Em termos de produto acabado existem diversas oportunidades e temos trabalhado com muitos parceiros nessa área. A maior dificuldade e desafio reside nos desperdícios que advêm de matérias-primas secundárias como plásticos por exemplo.
No último ano, quantas toneladas de produto conseguiram reaproveitar e tiveram nova vida?
Felizmente conseguimos não ter muitos produtos que estejam fora de especificação e que necessitem de ser trabalhados com outras características, no entanto, temos algumas toneladas que necessitam de integrar o programa de “dar nova vida aos desperdícios”.
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